

Obra da artista Angela Oskar retrata a lenda da Iara
Brasil encantado
Seres fantásticos e encantados povoam o imaginário dos brasileiros. Parte do folclore, esses personagens e suas lendas mantêm vivas a cultura popular, as histórias nascidas entre os índios, ribeirinhos e entre os caipiras brasileiros. Conheça alguns deles.
O Saci-Pererê
Moleque brincalhão, o Saci-Pererê adora pregar peças nas pessoas. Perdeu algo que tinha certeza ter deixado no lugar? Encontrou o cavalo com a crina trançada? A comida queimou no fogão? Pode apostar: aí tem o dedo do Saci. Pulando em uma perna só, com uma carapuça vermelha na cabeça e um cachimbo na boca, ele é famoso por espalhar confusão por onde passa.
Diz a lenda que a carapuça dá poderes mágicos ao Saci (um deles é aparecer e desaparecer dos lugares) e quem conseguir pegá-la tem o moleque sob o seu domínio e pode ter desejos atendidos, pelo menos até que ele consiga recuperá-la, o que tentará de todas as formas. Uma estratégia para conseguir se apoderar do gorro é prender o Saci.
O truque, ensina Monteiro Lobato no livro "Caçadas de Pedrinho", é aprisionar o menino dentro de uma garrafa quando ele estiver andando por aí dentro de redemoinhos de vento (outra forma usada por ele para se movimentar). Para capturá-lo é preciso jogar uma peneira dentro do pé-de-vento.
As histórias contam também que os sacis gostam se divertir em grandes festas noturnas no meio dos bambuzais.
A Iara
As histórias passadas de boca em boca, de geração a geração, entre os índios da região amazônica do Brasil dizem que a Iara era uma índia guerreira, muito corajosa. Por essa qualidade era muito elogiada pelo pai, o pajé da tribo. E pelo mesmo motivo, invejada pelos irmãos. Uma noite, os irmãos tentam matar a Iara, mas ela se defende e quem acaba morrendo são eles.
Como punição seu pai a joga no encontro do Rio Negro com o Solimões, mas os peixes, com dó da Índia, a trazem de volta à superfície e quando seu corpo toca o reflexo da Lua na água, ela se transforma em uma sereia: da cintura para cima, é uma linda mulher de longos cabelos e, da cintura para baixo, tem um enorme rabo de peixe.
Os índios e ribeirinhos contam que a Iara, também chamada de Mãe D'Água, gosta de passar horas penteando seus longos cabelos sentada sobre as pedras dos rios e que seu lindo canto enfeitiça os homens, que encantados por sua beleza são arrastados para o fundo. Em algumas versões, ela se transforma em mulher e perde seus poderes quando sai da água.
O Curupira ou Caipora
Protetor das florestas, de suas plantas e bichos, o Curupira é um menino com cabelos vermelhos. Os seus pés são virados para traz, conforme conta a tradição, justamente para não deixar rastros, despistar, confundir, enganar e surpreender caçadores que matam por prazer ou quem estiver fazendo mal a qualquer criatura nas matas. Em alguns locais, dizem que tem apenas um olho. Como é muito veloz, sua presença às vezes só é percebida em rajadas de vento.
A lenda afirma que ele tem o poder de trazer de volta à vida animais mortos por crueldade e que pune quem destrói fauna e flora fazendo com que fiquem perdidos para sempre na floresta e esqueçam até mesmo seus nomes. Para atrair esses malfeitores, ele solta gritos que imitam a voz humana. Contam que ele costuma andar por aí montado em um porco-do-mato. O Curupira é citado em uma das cartas do Padre Anchieta. Em 1560, ele descreve a criatura, segundo os relatos que ouvia dos índios.
O Bumba-meu-boi
Conta a história que em uma fazenda, à beira do Rio São Francisco, vivia o casal Catirina e Francisco. Ela, grávida, tem um enorme desejo: comer língua de boi. O marido, então, tenta de tudo para satisfazer a vontade da mulher, mas não tem nenhum animal. Catirina vê um dos bois do patrão pela janela, muito grande e vistoso, e pede a Francisco que o mate. O marido, então, atende o pedido e cozinha a língua para a mulher.
Um dia, enquanto vistoria sua fazenda, o patrão de Francisco percebe o sumiço de seu maior boi e descobre o que aconteceu. Ele fica inconsolável e começa a chorar. Chama rezadeiras, curandeiros e faz promessas para ressuscitar o boi. Nada funciona. Quando ficam sabendo disso, Catirina e Francsico, que tinha fugido, voltam para a fazenda e afirmam que estão arrependidos por terem causado a morte do boi. E, depois de três sopros fortes no rabo, a carcaça volta à vida e todos fazem uma grande festa para celebrar seu renascimento.
A história varia um pouco de regiao ara região do Brasil e tem vários nomes, dependendo do lugar. É Bumba-meu Boi no Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas e chamada de Boi-bumbá no Pará e Amazonas. Na Bahia, é conhecido como Boi-janeiro e em Pernambuco, Boi-calemba. Na versão paranaense é o Boi-de-mamão.
Outros personagens folclóricos
O Boitatá
Segundo a lenda, o Boitatá é uma enorme cobra de fogo que vive na água e protege os campos contra os incendiários. Contam que ela também pode se transformar em uma tora em brasa, queimando quem coloca fogo nas matas e florestas.
O Lobisomem
A lenda teve origem na Grécia, chegou ao Brasil pelos portugueses e logo ganhou espaço e muitas versões entre as histórias populares do País. Conta-se que o sétimo filho nascido após seis mulheres está condenado a se transformar em lobisomem nas noites de Lua cheia.
A Mula-sem-cabeça
Conta-se que a maldição recai sobre mulheres que namoram padres, transformadas em uma mula que tem tem uma labareda de fogo no lugar da cabeça e ataca viajantes pelo caminho nas madrugadas de quinta para sexta-feiras. Quem cruzar com ela no caminho deve se deitar no chão e esconder as mãos e a cabeça para se proteger.
O Boto
Moradores das beiras dos rios da Amazônia dizem que o boto, um mamífero parecido com os golfinhos, se transforma em um lindo moço durante a noite. Ele sai das águas para ir às festas, sempre bem vestido e com um chapéu para esconder o furo que tem na cabeça. Namorador, encanta e atrai as mulheres. Depois, some de novo no rio. Mais tarde, a moça que ele namorou descobre que está grávida.
O Negrinho do Pastoreio
Muito popular na região Sul brasileira, a lenda conta a história de um menino escravo que vivia na fazenda de um homem muito mal. Ele era responsável por cuidar dos cavalos. Um dia, um dos cavalos some e o negrinho, acusado pelo amo, é chicoteado. No dia seguinte ao castigo, ele recebe a missão de recuperr o cavalo, mas volta sem ele. Ainda mais furioso, o fazendeiro manda que ele seja chicoteado novamente e amarrado sobre um formigueiro. Quando o homem vai ver o que aconteceu com o menino, descobre que ele está intacto, sem nenhum machucado e, ao lado dele, vê a Virgem Maria e o cavalo sumido. O fazendeiro pede perdão. O menino monta no cavalo e dizem que até hoje é visto cavalgando pelos campos.
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