hábitos da população em quase uma centena de países e sua associação com o aumento do risco de desenvolver fatores de risco à saúde.

 

“A cada hora que passamos sentados, nosso risco de morte aumenta 2%", afirma o educador físico Leandro Fórnias Machado de Rezende, da Faculdade de Medicina da USP, um dos especialistas envolvidos na pesquisa. Ele afirma que 4% das mortes no mundo poderiam ser reduzidas com a diminuição do tempo sentado em até três horas por dia. 

 

"Entretanto, reduções mais singelas já repercutiriam em grandes ganhos em saúde pública", afirma. "Por exemplo, reduzindo em duas horas por dia o tempo que ficamos sentados seriam evitadas 2% das mortes; se for uma redução de uma hora por dia, teríamos 1,2% a menos de mortes”, diz.

 

Segundo o pesquisador, pessoas que passam nove horas do dia sentadas têm até 18% mais risco.

 

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Isso acontece porque permanecer muito tempo nessa posição afeta alguns mecanismos biológicos do corpo, explica Rezende. Uma das consequências é a diminuição do óxido nítrico, substância relacionada com as funçãos celulares e a oxidação. Essa alteração pode causar problemas cardiovasculares.

 

"Ocorre também a diminuição da ativação de uma enzima, a lipase lipoproteica, que é importante no metabolismo oxidativo, no controle de triglicérides, colesterol e outros fatores de risco metabólicos”, acrescenta o pesquisador.

 

Adquirir modos de vida menos sedentários, mais ativos e saudáveis, como trocar o carro ou o ônibus pelas caminhadas e bicicleta, ajudam a reduzir o tempo de cadeira. 

 

E, mesmo que seja impossível evitar sentar-se em algumas situações - na escola, no trabalho ou mesmo durante os deslocamentos -, algumas estratégias podem ser incorporadas no dia a dia para aumentar o tempo em pé.

Um pausa no trabalho para uma água ou um café são bem-vindos - e ainda ajuda a colocar as ideias em ordem e até a aumentar a produtividade. 

 

“Uma reunião entre duas pessoas poderia ser feita caminhando lentamente”, sugere ainda o pesquisador Rezende. Optar por móveis com diferentes ajustes de altura, diz ele, é outra tática para conseguir trabalhar em pé.

 

Além de Rezende, participaram da pesquisa os cientistas Juliana Yukari Kodaira Viscondi e Juan Pablo Rey-López, da Faculdade de Medicina da USP; Thiago Hérick de Sá e Leandro Martin Totaro Garcia, da Faculdade de Saúde Pública da USP, e Grégore Iven Mielke, da Universidade Federal de Pelotas. O estudo do grupo foi publicado em artigo no American Journal of Preventive Medicine. (Com Agência USP de Notícias)