Segundo especialistas, a poluição do ar que respiramos em espaços internos pode ser até dez vezes maior que a de uma avenida, por exemplo. O motivo são as substâncias químicas voláteis que ficam concentradas nos locais com menor ventilação. E essa poluição vem de fontes tão prosaicas como as paredes pintadas, os produtos de limpeza e cosméticos, equipamentos eletroeletrônicos e até mesmo os tapetes e as peças que vestimos. 

 

O assunto foi tema de estudo ainda no início da década de 70 pela Nasa. Uma pesquisa feita durante as missões da base espacial Skylab encontrou mais de 100 tipos de substâncias poluidoras dentro das naves, conta o  engenheiro ambiental e ex-pesquisador da agência espacial norte-americana Bill Wolverton, autor do livro "Plants: how they contribute to human health and well-being" ("Plantas, como elas contribuem para a saúde e o bem-estar").

 

A partir dessa constatação, um levantamento mais amplo começou a ser feito pela U.S. Environmental Protection Agency, a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos. Mais de 900 poluentes foram identificados em escritórios hospitais e creches. 

 

A maior concentração foi a do formol, produto tóxico e cancerígeno usado em materiais de construção, móveis, vidros e roupas. Também encontraram benzeno, xileno, clorofórmio e amoníaco, além do tricloroetileno - liberado pelas tintas, tapetes tingidos com corantes artificiais e monitores, entre outros -  e acetona, presente em carpetes e produtos de beleza, por exemplo.

 

A boa notícia, é que, em busca de uma saída para "limpar" as espaçonaves, os pesquisadores chegaram a uma solução simples, barata, acessível e que ainda traz outros inúmeros benefícios: as plantas.

 

Qualquer tipo é bem-vindo nessa "operação limpeza", mas várias espécies fáceis de encontrar e que se adaptam bem em interiores - mesmo em áreas pouco iluminadas - funcionam como eficientes filtros naturais. A lista inclui a samambaia, a dracena, a babosa, o lírio-da-paz, a jiboia e especialmente as poderosas palmeiras ráfis e areca. As folhas absorvem as substâncias, destruídas dentro do clorófito (que dá a pigmentação verde às folhagens) pelo chamado colapso metabólico.

 

O processo funciona da seguinte forma, explica o engenheiro ambiental: quando as plantas transpiram vapor de água pelas folhas, também puxam o ar para levar às raízes, nutrindo os micróbios com oxigênio. Eles, então, se encarregam de consumir as substâncias tóxicas, transformando-as em fonte de alimento e energia. O formaldeído (formol), por exemplo, resulta em açúcares e ácidos graxos e de amido.

 

E quanto mais plantas, melhor, recomenda o especialista. A proporção, indica, é de uma a cada cerca de 9 metros quadrados, se forem cultivadas por hidroponia. Para as plantadas na terra, são indicados dois vasos nessa mesma área. A vantagem do cultivo na água está na redução do transporte de fungos e bactérias.